segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

EPILEPSIA SEM MISTÉRIO



Um Pouquinho de História




As primeiras referências sobre epilepsia começaram a surgir em torno do ano 2000 A.C., na antiga Babilônia e nelas eram feitas restrições ao casamento de pessoas epilépticas. Atribuiam à epilepsia um caráter mágico e sagrado, dizendo que a pessoa era possuída pelo demônio. Mais ou menos 400 A.C., Hipócrates, o pai da Medicina, afirmou que a causa da epilepsia não estava em espíritos malignos, mas no cérebro, tentando desfazer a idéia de uma doença sagrada.Na Idade Média a epilepsia foi relacionada com a doença mental e tida como doença contagiante, o que persiste até hoje entre pessoas desinformadas. Com freqüência, se tentava curar esse mal por meios religiosos. Já no século XVIII, Jackson, um neurologista, definiu que a epilepsia era causada por uma descarga anormal das células nervosas.

Séculos se passaram, conceitos, conhecimentos e tratamentos mudaram, evoluíram, mas preconceitos e desinformação ainda existem, como existiam no passado.


A Pessoa com Epilepsia e sua Família


A epilepsia, como qualquer problema médico crônico, afeta não somente a pessoa que sofre de epilepsia, mas também sua família.Os irmãos de uma criança com epilepsia podem ser privados da atenção de seus pais, devido aos cuidados extras que eles dispensam ao filho com problema. O impacto da epilepsia em uma família depende parcialmente do tipo e da freqüencia das crises. Se a epilepsia é pouco controlada, ela pode desestabilizar a família e reduzir suas reservas financeiras e emocionais. Nesses casos, a família como um todo necessita de apoio de profissional da área.




A Epilepsia e a Escola




A criança com epilepsia terá dificuldades escolares? Normalmente não, porém, devemos considerar alguns aspectos que são fundamentais para o bom desenvolvimento escolar: - os pais não devem esconder que seu filho tem epilepsia e devem tratar este assunto de forma natural com os professores; - se existe a possibilidade de a criança ter crises durante a aula, os colegas devem estar preparados, caso ocorra uma crise; - cuidar para que a criança se sinta igual aos outros, que tenha os mesmos direitos e respeite as mesmas regras escolares; - - fazer um tratamento medicamentoso adequado, pois doses excessivas ou incorretas podem comprometer a atividade escolar. Muitas vezes, crises graves e freqüentes podem levar a criança a faltar a escola e isso pode baixar seu rendimento.


Dificuldades de Aprendizagem




As dificuldades de aprendizagem podem ocorrer por 3 motivos: - a epilepsia pode estar acompanhada de alguma disfunção cerebral; - crises freqüentes e prolongadas interferem no processo de aprendizagem; - os medicamentos podem causar fadiga, sonolência e diminuição da atenção. A epilepsia não é causa de retardo mental. Ela pode eventualmente estar associada ao retardo mental e os dois serem causas de disfunção cerebral. Com diagnóstico e tratamento adequados, aproximadamente, 80-90% de crianças terão suas crises controladas com um mínimo de efeitos indesejados. Isso lhe permitirá acesso a uma vida normal.O tempo da crise é infinitamente pequeno em relação ao restante do tempo sem crises, e a criança não deve organizar sua vida e restringir suas atividades escolares em função desses momentos críticos.


Educação Física




A criança com epilepsia não deve ficar excluída das aulas de educação física, pois a prática de exercícios ajuda a criança a se desenvolver. Alguns esportes são permitidos, como por ex.: jogar vôlei, futebol, fazer ginástica, corrida, tênis, etc, ...natação somente com supervisão cuidadosa. Porém, crianças epilépticas não devem participar de atividades como: exercícios em barras, andar de bicicleta em ruas movimentadas, subir em árvores, alpinismo, asa delta, etc. A prática excessiva de qualquer atividade deve ser evitada.




Fadiga e Falta de Sono



Uma causa comum encontrada como desencadeadora de crises epilépticas é a fadiga. Muitas pessoas com epilepsia têm crises com maior freqüência, depois de uma noite sem dormir ou quando estão muito cansadas.








Recomendações ao Adolescente com Epilepsia



É muito importante que o adolescente com epilepsia seja bem orientado quanto ao que pode ou não fazer, que ele tenha uma boa relação com seu médico, para que coloque seus problemas francamente e sinta-se entendido e ajudado. É necessário o esforço do profissional que está tratando o adolescente, no sentido de orientá-lo e desenvolver-lhe a confiança para que ele siga as instruções médicas: - deve ser estimulado e motivado para o tratamento; - não desistir! seguir o tratamento regularmente; - não deixar de tomar a medicação porque tem festa e quer beber álcool; - não misturar medicação; - evitar soluções mágicas, como a substituição do tratamento por práticas religiosas.




Epilepsia e Adolescência




Principalmente na adolescência, as crises são freqüentemente desencadeadas pelo uso de drogas, abuso de álcool- pois o álcool interfere no mecanismo dos medicamentos anti-epilépticos- assim como noitadas e festas prolongadas que levam à privação do sono. Problemas próprios de uma fase conflituada como adolescência, caracterizada por mudanças hormonais e físicas, podem, eventualmente, estar associados à epilepsia. É muito comum a negação da epilepsia por parte do adolescente e isso o leva a não adesão ao tratamento, isto é, ele não usa a medicação de forma correta.



Epilepsia e o Casamento


O casamento de pessoas com epilepsia não é comum. A relativamente baixa ocorrência de casamento entre pessoas com epilepsia mostra as dificuldades do paciente em estabelecer e manter relações próximas e estáveis; os epilépticos são mais deprimidos e isso leva a dificuldades no ajustamento emocional. Um casamento deve ser baseado na confiança, e a falta de informação só poderá prejudicar a relação conjugal. A primeira informação que se deve ter é que a epilepsia por si mesma não tem efeito na capacidade sexual de uma pessoa. É importante contar para o parceiro a condição de epiléptico, pois a colocação clara do problema é o primeiro passo para que ocorra ajustamento na relação. Antigamente se pensava que a epilepsia era uma doença hereditária, hoje se sabe que a hereditariedade pode ter um pequeno papel como causa da epilepsia. A mulher com epilepsia geralmente tem gravidez sem complicações, parto normal e criança saudável. Mas também é verdade que a gravidez pode apresentar problemas à mulher com epilepsia, que precisa ter um controle da medicação mais rigoroso, para evitar complicações para ela e o feto. Os anticonvulsivantes são metabolizados de modo diferente durante a gravidez e podem tornar a mulher mais vulnerável à crise.



O Cônjuge


Na relação entre o casal, a constante supervisão pode se tornar uma obsessão para o cônjuge com epilepsia. Pode ser chamado o efeito de "cão de guarda". Geralmente o cônjuge da pessoa com epilepsia fica extremamente preocupado se ocorre uma modificação no esquema habitual. Por exemplo, se ele se atrasa. Também é aborrecido para o paciente ouvir sempre palavras de preocupação do cônjuge; torna-se uma constante lembrança de que tem problemas. Essa atitude de superproteção é inadequada, pois faz com que o paciente se sinta diferente dos outros e se considere uma pessoa doente. É melhor tratá-lo com mais naturalidade.






A Criança com Pais Epilépticos

Sempre nos preocupamos com a criança ou adulto com epilepsia. Mas, muitas vezes nos esquecemos de orientar a criança, filha de pais com epilepsia. Não existe dúvida que assistir a uma crise é uma experiência muito angustiante para a criança. Por isso, ela precisa ser ajudada a lidar com a epilepsia de seu pai ou de sua mãe. Uma estratégia é ensiná-la a cooperar durante a crise. A criança poderá ter um pequeno papel, como por exemplo, colocar um pano, um travesseiro, um casaco embaixo da cabeça do epiléptico e falar palavras de conforto. Negar à criança um papel em tal situação só serve para aumentar o medo e a ansiedade ante uma crise. Para isso, é importante que a criança veja um adulto agir com calma e tranqüilidade ao atender uma pessoa com crise.




O Paciente Epiléptico e o Emprego

Vários estudos mostram que 50% a 60% de pessoas com epilepsia escondem sua condição de epiléptico, ao procurar emprego. Pesquisas revelam que as faltas por doença e os acidentes de trabalho não são mais freqüentes nas pessoas com epilepsia do que nos demais empregados. Podemos ajudar o paciente com epilepsia a se adaptar profissionalmente, primeiro, indicando a profissão mais adequada, segundo, facilitando para que ele consiga emprego. A orientação e educação dos empregadores é o primeiro passo para aceitação do empregado com epilepsia. Terceiro, não deve o médico assistente reforçar a evolução natural do auxílio-doença, mas incentivar para que o paciente continue trabalhando. Com isso o ajudará a reintegrar-se na sociedade.


A Escolha do Emprego


O diagnóstico de epilepsia e a ocorrência de crise não são razões para desqualificar uma pessoa para o emprego. Nos casos em que se faz necessário restrições para certos tipos de emprego, as decisões devem basear-se em avaliações individuais da pessoa e não no diagnóstico genérico de epilepsia. Como profissão mais adequada nos referimos ao tipo de trabalho em que a pessoa se sinta adaptada e sem risco de vida. Não são indicadas profissões de risco como: eletricista, piloto, bombeiro, motorista, etc.






O Epiléptico e o Trânsito

Devemos lembrar que: "dirigir é um privilégio e não um direito", e para que consiga este privilégio é necessário que a pessoa esteja apta, tanto física como mentalmente.De acordo com estatísticas, a freqüência de acidentes de trânsito com epilépticos pouco difere da população em geral, o número é extremamente mais elevado com alcoolistas. A bebida alcóolica representa 1000 vezes mais a causa de acidentes do que as crises epilépticas. Existem recomendações que devem ser feitas ao indivíduo com epilepsia que quer dirigir como: estar livre de crises no mínimo há um ano e com acompanhamento médico; para dirigir, somente veículos da categoria B, isto é, carro de passeio. Não ser motorista profissional, isto é, não conduzir veículos pesados e transporte público, mesmo livre de crises há anos.


Durante a Crise Epiléptica



Durante uma crise epiléptica procurar: - manter a calma; - colocar algo macio embaixo da cabeça do paciente; - colocar a cabeça de lado para que a saliva flua, evitando prejuízos à respiração; - não colocar nada em sua boca; - não tentar conter o paciente. A área ao redor deve ficar livre para evitar que se machuque. Não interferir de nenhuma maneira em seus movimentos; - não atirar água ou forçar que a pessoa beba algo durante a crise; aguardar ao lado do paciente até que a respiração se normalize e ele queira levantar-se. É normal ocorrer sonolência após a crise.



A Epilepsia e a Família

A epilepsia pode romper com o senso familiar de autonomia e competência. Para que o equilíbrio familiar possa ser recuperado é importante que seus membros consigam um consenso sobre o que é epilepsia e como ela pode ser manejada.




Diagnóstico


Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica. Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, conseqüentemente, na busca do tratamento adequado

Causas


Muitas vezes, a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia.
   
Sintomas


Em crises de ausência, a pessoa apenas apresenta-se "desligada" por alguns instantes, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. Em crises parciais simples, o paciente experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Ele pode sentir um medo repentino, um desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente. Se, além disso, perder a consciência, a crise será chamada de parcial complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Tranqüilize-a e leve-a para casa se achar necessário. Em crises tônico-clônicas, o paciente primeiro perde a consciência e cai, ficando com o corpo rígido; depois, as extremidades do corpo tremem e contraem-se. Existem, ainda, vários outros tipos de crises. Quando elas duram mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência, são perigosas, podendo prejudicar as funções cerebrais.                                                        

Causas

É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.

Outros tratamentos


Existe uma dieta especial, hipercalórica, rica em lipídios, que é utilizada geralmente em crianças e deve ser muito bem orientada por um profissional competente. Em determinados casos, a cirurgia é uma alternativa


Cura


Em geral, se a pessoa passa anos sem ter crises e sem medicação, pode ser considerada curada. O principal, entretanto, é procurar auxílio o quanto antes, a fim de receber o tratamento adequado. Foi-se o tempo que epilepsia era sinônimo de Gardenal, apesar de tal medicação ainda ser utilizada em certos pacientes. As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Muitas pessoas que têm epilepsia levam vida normal, inclusive destacando-se na sua carreira profissional.

Saiba o que fazer


De acordo com a Fundação de Eplepsia, que atua nos EUA, a primeira lição no caso de convulsões é não tentar segurar a pessoa que está sofrendo um ataque. Deve-se afastar objetos que possam machucar a vítima, afrouxar suas roupas, colocar algo macio sob sua cabeça e não tentar pôr nada em sua boca. Para facilitar a respiração, recomenda-se colocar a pessoa de lado. Segundo a fundação, convulsões não são emergências médicas. Só é necessário levar a vítima ao hospital ou chamar uma ambulância quando a pessoa é portadora de diabetes, está grávida ou tem febre alta. O caso também pode ser considerado emergência quando a convulsão é causada por algum problema externo grave, como insolação, hipoglicemia, pancadas na cabeça ou envenenamento.


Av. Montenegro, 186 sala 505 - PetrópolisCEP: 90460-160, Porto Alegre, RS, BrasilFone/Fax: (51) 3331 0161 - jecnpoa@terra.com.br


Centros de tratamento da Epilepsia no RJ


Ambulatório de Epilepsia - Rio de JaneiroRio de Janeiro/RJTelefone: Dr. Marcelo Heitor.


Observações: Ambulatório de Epilepsia na Infância Quartas-feiras pela manhã 8:00 as 12:00.Tel.: (021) 2587-6230 / 6231

(Adultos)Ambulatório de epilepsia Adolescentes e adultosTerças-feiras a tarde a partir das 13:00. Tel.: (021) 2587-6410

(epilepsia na infância).
Hospital Universitário Clementino Fraga FilhoUniversidade Federal do Rio de JaneiroNosso endereço é Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco n0. 255 sala 10C2Rio de Janeiro/RJTelefone: 21 25622712 Dra. Soniza Vieira Alves-Leon.