terça-feira, 20 de janeiro de 2009

AS CONFISSÕES DO HOMEM INVISÍVEL

As confissões do homem invisível corre o sério risco de servir de manual para outras leituras dada a quantidade de referências ali contidas. Este atrevido aprendiz não pretende buscar outras, mas sugere ao leitor um confronto pacífico com Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. Invisibilidade e cegueira ,onde se aproximam, onde se afastam. Nos enredos abordados, até que ponto influem na condição humana?
A história de Alexandre Plosk tem início quando o protagonista descobre, numa fábrica de espelhos, que sua imagem não afeta mais esse objeto. Daí em diante tudo na vida do personagem leva à confusão e daí a tristeza basta um sopro. É o que acontece quando nos falta coragem para olhar para o fundo do poço escuro de nossa alma. Forçado a mergulhos inevitáveis e geralmente trágicos no seu passado guiado pelo oxigênio da lucidez, perceber que não soube amar. Vem daí o grande combustível para a tristeza e a confusão mental. Até...desaparecer! Então tenta voltar, refazer o caminho para a dor doer menos. Esquece que na ânsia de voltar pode se perder definitivamente. Uma amiga já morta dizia: “ quando decidimos voltar é por que estamos perdidos.”
A relação mal resolvida com Alice, que também se torna invisível e esconde um segredo, dá a entender que certos amores não reclamam soluções, necessitam de solidões. Exigem que permaneçam unidos, na dor. Na aflição da alma. A angústia que faz inventar. Outros homens, outras mulheres, outros dias. E assim a vida ergue seus prédios, seus monumentos, permitindo a possibilidade de que ali naquela próxima esquina venha a encontrar outras dúvidas.Quem sabe, tenha morrido? Alice, o irmão, teria morrido por sua (do protagonista) culpa, ou por acaso.De qualquer sorte, a morte será sempre um retrato. Quem sabe um espelho a refletir a ausência? Nada mais que um instante paralisado da vida dos que restaram. Morte não se resume a dor, tristeza, é falta de costume.





O protagonista não guarda saudades, alimenta a amargura fruto da incerteza; não sente vontade de saber de ninguém, o passado é um ladrão egoísta que lhe deu às costas. Também não chega a ser daqueles tipos sorumbáticos que perambulam por aí sob o peso das cicatrizes do sofrimento.
Assim como para Alice, também para ele o que conferia um significado especial à vida não era o visível mas sim o sentido. Nunca conseguiriam a união.
E por falar em espelhos ,sua incansável apropriação pela literatura e a anteriormente citada quantidade de referências me obrigo a pensar na indigência intelectual que grassa em nosso país, a começar pelo bizarro presidente que supostamente nos comanda, e uma questão se impõem. O potencial criativo do escritor e o interpretativo do leitor. Até que ponto a formação, a intensidade e sutileza interpretativa, bem como a complexidade estética de ambos deve ter mais ou menos extensão semelhante? Do contrário a arte, no caso a literária, pode virar enigma, ou então refletir o território bizarro onde um Tarso ou um Genro ditará as regras. Creio que aí se justifique a presença da crítica, com uma atuação isenta que ajude a ordenar as emoções. Nunca esquecendo que a critica é plenamente dispensável, a obra de arte não precisa dela para existir, a obra de arte permite inferir uma realidade criadora e um leitor que se relaciona com ela também de maneira criativa.
As confissões do homem invisível é uma arriscada investida do autor, homem de cinema, pelas veredas literárias. Se atualmente o que mais se vê é autor escrevendo na expectativa de adaptação para o cinema, Alexandre Plosk parece fazer o caminho inverso. As confissões do homem invisível não é um romance linear, muda o tempo, muda o narrador, muda o cenário,e se o roteirista foi por demais criativo, ao montador faltou talento e expôs o leitor/espectador a uma enxurrada de informações e caso não disponha dos coletes salva vidas nas cores, filosofia, cinema, literatura, mais precisamente Kafka, Lewis Carol, Joyce, na certa entregará os pontos e deixará se hipnotizar por Morfeu.
Fica um travo de trabalho acadêmico com orientador preguiçoso; várias possibilidades e nenhuma aproveitada em sua totalidade . Uma pena, pois Alexandre abriu várias frentes, todas riquíssimas, não precisava abarcar todas, a história principal não carece de tamanho labirinto. Ficou parecido com a série de TV, O homem invisível. O lúdico superou o literário. Importante ressaltar que aqui nesse espaço tratamos de literatura, as virtudes cinematográficas, se por ventura existirem, serão sempre secundárias. Não entendo como mérito dizer que o livro A é bom porque daria um bom filme, no universo precário deste aprendiz o livro é bom ou tem qualidades porque é bom ou tem qualidades como livro. E basta. Do mesmo modo que um livro ruim nas mãos de um grande realizador pode resultar num grande filme. O que não podemos fazer durante a análise de um livro é projetarmos seu futuro numa outra forma de expressão. Pretensão descabida. Feita a observação mais que necessária voltemos em busca do fio da meada. Pois bem, se na obra o autor cria uma realidade soberana, essa mesma realidade também é frágil. Está a mercê das carências, veleidades e opiniões daqueles que se acercam dela.
Como convencer determinado leitor da importância de tal obra se a opção estética da mesma não faz parte de seu mundo?
Certa vez um poeta jovem afirmou a respeito de Paul Celan, Lezama Lima e Ezra Poud, que “ para desfrutar dos malabarismos, dos contorcionismos e os triplos saltos mortais, prefiro ir ao circo.”




Sem concordar com o jovem poeta, a frase serve como alerta: nenhuma obra está fora de perigo, nem sempre a qualidade se impõem por si , dependerá sempre do gosto e da formação do leitor. E aí que As confissões do homem invisível começam a correr perigo.
Contra as limitações do gosto individual nada se pode fazer, no entanto quanto a formação do leitor se pode debater, estudar, comentar, quem sabe criando novos paradigmas e movimentos estéticos. Talvez resida aí a grande contribuição de Alexandre Plosk, fazer um contraponto da figura do escritor culto,observador, atento a tudo que o cerca, com concepção intuitiva do trabalho literário.
O autor parece querer recuperar, ou quem sabe fundar uma harmonia existencial; unir a consciência ao Todo. Plosk aspira, com As confissões do homem invisível, a reconciliar-se com o mundo; mistura cultura judaica coma teoria do caos,a diluir a dor, a entender a distância e o vazio, a inventar uma maneira de fruir a plenitude onde convivam o desejo e a solidão, a frustração e as lembranças, os sonhos e a justiça. No entanto tamanho engenho acabará por deparar-se frente ao muro sólido da realidade. Então o Eu fragmentado assumirá o papel de Sisifo, e na busca da sua reconstrução renasce em seu sofrimento infindável, embora por vezes acredite tê-lo derrotado. No entanto, a vida não é feita só de alegrias, essa lição todos nós aprendemos muito cedo.Encontrar tristezas! Esse é o problema, encontrar o que não se procura, ninguém sabe onde pesquisar , mas também não é motivo para preocupação...ela vem...é uma coisa beirando a perfeição, a tristeza. Mas podia ser a pazA paz está distante , muito distante da perfeição, para haver paz é necessário que exista um derrotado. A tristeza vem, você não inventa. Depois da tristeza e sofrimento o indivíduo só almeja uma coisa: liberdade. E liberdade implica em perder algumas coisas. Perder, exatamente isso, perder, é o que consegue o protagonista de As confissões do homem invisível. Detalhe importante; caberá a você, visível leitor, decidir se ele encontrou a felicidade.
As confissões do homem invisível não tem por objetivo a articulação lógica, a trama nasce exatamente na desarticulação lógica do protagonista; no entanto se aproxima da tentativa de causar impacto emocional quando um certo viés onírico atua como coadjuvante dos humores da consciência ou dos horrores e dos desejos.
Para concluir: As confissões do homem invisível é a imagem, no espelho de cada um, da luta entre o Eu fragmentado e a unidade, o impulso desde a dor até a eclosão de um novo tempo, sem trevas. A fragmentação existencial do protagonista gera a fragmentação da narrativa - a cisão entre o Eu e o Todo.
Não, não é uma leitura fácil, caso você, preguiçoso leitor, pretender ultrapassar os véus do lúdico que revestem a narrativa. No entanto, se eu fosse você, abandonaria o comodismo pois não se arrependerá, por que
“viver é muito diferente de obstaculizar a morte e no amanhecer dos meus sapatos solitários escuto os passos de alguém igual a mim. Num outro país.”

TRECHO

Enquanto ele fala e fala, cada vez mais banhistas vêm acompanhar a conversa.Eles o incentivam, como se fosse um pastor. Dizem “amém”, “Deus seja louvado” a cada uma de suas brilhantes idéias. O mais incrível é que um grupo de animais vem pouco a pouco se aproximando. Primeiro um coelho, depois um burro, uma tartaruga, um gato, um cachorro...Todos eles parecem escutar suas palavras. Logicamente foram acostumados a isso.Imagino que, ao final, alguém lhes dê algo de comer.
Tio Charles tem um carinho especial pelo coelho. Ele o pega nos braços sem perder o ritmo.O coelho é engraçado.Ele me olha de vez em quando. Parece notar o quanto estou perdido diante de tantos conhecimentos.Tenho a nítida impressão de que está prendendo o riso por minha causa.
E por aí a coisa vai fluindo com Tio Charles encantando sua enorme platéia. Puro/Não-Puro. Rituais que tentam estabelecer diferenças.Deus. Homem. Eu. Outro. Imortalidade.Mortalidade. Construção de sentidos, enfim.
-Muito bem! Então, você entende o que é a Lógica. Ela faz sentido para você, não faz? Então, se a Lógica existe, isso só pode provar que existe também a sua contrapartida, certo?
Agora as coisas poderiam ficar complicadas.
-Lógica, Não-Lógica.Ah! Escolha o nome que quiser!
Consciente, Inconsciente, o que seja! Vamos, isso é moleza, rapaz!
Sigamos juntos: a Não-Lógica pressupõe a ausência total de Lógica, certo?
-Certo.
-Errado! A Não-Lógica é definida como “não-lógica” justamente porque neste universo não-lógico não cabe qualquer comparação com a Lógica. Portanto, a Não-Lógica jamais pode ser entendida através de uma mente lógica.


O AUTOR
Alexandre Plosk nasceu no Rio de Janeiro em 1968. Cursou publicidade e cinema.Além da literatura, trabalha com roteiro de cinema e televisão.Assinou a direção de curtas-metragens e escreveu o roteiro do longa Bellini e a Esfinge, prêmio de melhor filme do Festival do Rio. Em 2004, estreou na literatura com o romance Livro zero, As confissões do homem invisível é sua segunda obra literária.Atualmente, Plosk é roteirista da TV Globo.

Luíz Horácio
Jornalista, escritor, autor dos romances Perciliana e o pássaro com alma de cão, ed.Conex e Nenhum pássaro no céu, ed. Fábrica de Leitura, professor de Lingua Portuguesa e Literatura, mestrando em Letras.





sábado, 10 de janeiro de 2009



NOS PENHASCOS DE MÁRMORE

Vamos começar pelo aspecto imutável, Ernst Jünger foi militarista, apoiou , e não foi sem querer , a ascensão do nazismo, (participou da primeira e da segunda guerra mundial como militar e também tomou parte na ocupação de Paris pelos nazistas) mais tarde abraçaria um niilismo até certo ponto sofisticado. Importante lembrarmos sempre disso, não é o fato de escrever bem que o exime de culpa. Nazista regenerado talvez seja mais perigoso que nazista condenado. Não foi por acaso que no período em que Hitler esteve no poder quase todos escritores, atualmente de importância reconhecida, foram perseguidos. Exceto quem? Quem? Ernst Jünger.Não, ingênuo leitor, eu não entregaria meu cachorrinho para o Jünger dar uma volta com ele pelo quarteirão. Pois bem, Jünger é considerado gênio por muitos, de nós e dos outros. Andam lendo pouco, ou mal, o Graciliano Ramos, o Guimarães Rosa, o Erico Verissimo, o Campos de Carvalho, o Mário Araújo, o Luís Rufatto, por exemplo. E por falar em ingenuidade e genialidade, lembremos o que disse seu compatriota( dele Jünger) Schiler: "Todo gênio verdadeiro deve ser ingênuo. Somente sua ingenuidade o converte em gênio." É óbvio que a ingenuidade somente não faz um gênio, mas que o Jünger não tinha o menor traço de ingenuidade é indiscutível. Não desconheço o que disse Freud sobre a personalidade genial. Diz que o gênio vive sempre sob tensão e quando a tensão se torna exageradamente forte, quase insuportável, essa tensão migra para a obra. Entre vida e obra de Jünger percebo as contradições, e não consigo tomar partido a favor dos atenuantes. Se Nos penhascos de mármore é quase poesia, é quase fábula, é quase infanto-juvenil, é quase....Temos um menino que alimenta serpentes, ele bate no prato e elas se juntam a ele para beber leite, as mesmas serpentes se põem na vertical numa atitude pouco amistosa frente a inimigos. Como se pode notar, é quase infantil, mas certamente você, semiótico leitor, fará uma leitura extremamente culta do signo serpente e enviará para este tosco aprendiz o que isso quer dizer.Aguardo ansioso. Enfim, quase...
E como todo quase,não chega a impressionar.
Mas passemos a obra.
Nos penhascos de mármoreé uma de suas novelas mais conhecidas e serve também de emblema da contradição que orientou sua vida. De soldado de Hitler à suspeita de um catolicismo dado às imagens que pululam nessa narrativa, Ernst Jünger é a confirmação da tese que afirma ser o homem a causa e o efeito de todas as tragédias da história e alimentar a ira nacionalista como uma virtude é um equívoco vergonhoso. Uma obra literária por melhor que seja não terá poderes para limpar tamanha mancha. Nos penhascos de mármore é uma bela novela, como tantas que tantos escritores brasileiros escreveram e escrevem, embora isso não seja pouco também não vamos classificá-la como algo na ordem das obras excepcionais.Longe disso. Caso o leitor atento não se disponha a fazer inúmeras analogias e forçar a barra na intenção de ver o nazismo aqui e ali, Nos penhascos de mármore poderá ser encarado como uma competente literatura infanto-juvenil, sem esquecer a gama de valores arquetípicos representados pela variedade de personagens que pululam pelo convento de Padre Lampros, sem esquecer as lições de botânica e um longo esclarecimento sobre o comportamento das víboras, sem esquecer a fantasia, o fantástico, o maravilhoso...
Mas falta algo....



O protagonista (anônimo) da novela vive junto com o irmão, Otho num país próspero onde reina a felicidade. Da localidade que habitam vislumbram Marina, um lugar onde natureza, arte e ciência convivem em harmonia. A difícil combinação ideal do amor com o conhecimento. Mas é sempre assim; se está tudo bem não tardará a entrar em cena o vilão. E nesse caso, vem da Mauritânia o cruel ditador (alguns dizem ser a representação de Hitler, mas pode ser qualquer exemplar do autoritarismo ) determinado a por um fim em tamanha felicidade e estabelecer seu reinado de violência. Como disse acima, muitos viram nisso uma denúncia do regime nazista. Se olharmos para o protagonista, um ser que transborda virtudes, sejam individuais, sejam coletivas; e creditarmos ao autor tais qualidades, ou admiração por tais aspectos, aí sim, com certa forçadinha de barra, pode-se dizer que se trata de uma demonstração de repúdio ao nazismo. Seguindo nessa linha temos um outro personagem, é praticamente dele o cap.14,um monge cristão, o padre Lampros, e ainda na esteira do pode-se dizer que tal afirmarmos que esse episódio representa o primeiro contato do autor com a igreja católica? E não foi dos mais amistosos como podemos ver no trecho que segue. " Quando nos aproximamos dele, fomos tomados por certa inquietação, pois a face e as mãos desse monge pareciam-nos insólitas e sinistrar.Se assim posso me expressar, elas pareciam pertencer a um cadáver, e era difícil acreditar que nelas circulassem o sangue e a vida.

O sombrio Padre Lampros,( ...Mas a alegria também não lhe era estranha) é a chave do enigma Nos penhascos de mármore. Padre Lampros é um personagem que diz mais com seus silêncios que com suas palavras, seja em questões corriqueiras seja no campo cientifico, onde é respeitadíssimo, sábio evita tomar partido em debates entre escolas de diferentes orientações. Lampros guardava seu passado a sete chaves, restava-lhe um anel onde se via a asa de um grifo e as palavras "tem motivo a minha paciência". Numa edição espanhola lida por este aprendiz há décadas lia-se "espero en paz", me agrada bem mais. Como diz o narrador daí se explicam duas características de Lampros; orgulho e modéstia. Defendia o princípio de que "cada teoria significava na história natural uma contribuição à gênese das coisas, porque em cada época o espírito humano conceberia a criação de uma nova maneira, e em cada interpretação não existiria mais verdade do que na folha de uma planta, a qual se desenvolve para logo fenecer." Por essa razão nomeou a si mesmo Filóbio, "o que vive nas folhas." Deixando à mostra, novamente, as duas características; orgulho e modéstia.
O padre vivia recluso em seu mosteiro,voltado aos estudos, às orações e a atenção aos peregrinos; mesmo assim do mundo tudo sabia, era querido e respeitado não só por católicos, mas por todos, inclusive aqueles que elegiam deuses outros. Quando o perigo se ensaiava não disfarçava certa alegria e regozijo. "Ele, que vivia como em sonho atrás dos muros do mosteiro, era talvez o único dentre nós que enxergava a realidade por inteiro."

Longe de ser egoísta chegava a descuidar da própria segurança, no entanto não negligenciava quando se tratava da tranqüilidade do seu povo.

Mas falta algo...
Aspecto que não pode ser esquecido é o tom fabular de Nos penhascos de mármore capaz de alinhá-lo entre os grandes títulos do gênero, fazer analogias inclusive Pedro e o Lobo, Chapéuzinho Vermelho e Bambi, permitem. Inclusive sobre Harry Potter há um estudo relacionando com o período e práticas nazistas. Como diz o meu papagaio; "neguinho delira, neguinho delira."




Continuando com Lampros, seu mosteiro, seu vasto conhecimento e bom senso, permitem ao leitor desconfiar de uma certa cumplicidade entre ele o autor. Percebem-se no monge os valores defendidos por Jünger como o conhecimento, orgulho, autocontrole e a defesa de certos princípios como o dito aqui anteriormente. Pairam suspeitas de que Lampros seja fruto de algum contato do autor com o catolicismo. E pelo visto agradou.
Dizem também que a vida só tem transcendência quando somos capazes de salvar-nos como homens. Não sei se Jünger chegou lá.




Mas falta algo...
O narrador é um ser estranho, enigmático. Não se pode dizer que seja alguém que tenha uma relação com o mundo que o rodeia que vá além da observação de supostas leis. Sua moral não é das mais claras, talvez a que suscita o momento. Ao leitor fica a desconfiança de estar diante de alguém que ama a aventura, no entanto vários medos o impedem de vive-la em sua totalidade. Falta-lhe uma dose de Dom Quixote.
Mas falta algo a Nos penhascos de mármore.O quê?


-Faltam duendes, castelos e fadas.

TRECHO

Quando estamos felizes, as mais modestas dádivas deste mundo satisfazem os nossos sentidos.Desde sempre eu venerei o reino vegetal e, em muitos anos de peregrinação, investiguei os seus prodígios.Era-me familiar o momento em que o coração palpita, ao se pressentirem os segredos que cada grão de semente abriga em seu desenvolvimento. Contudo, o esplendor do crescimento nunca me fora algo tão próximo quanto o era nesse chão que exalava um cheiro de verde há muito fenecido.
Antes de me deitar eu perambulava um instante no estreito corredor central. Naquelas meias-noites eu pensava amiúde que jamais observara as plantas tão reluzentes e admiráveis. Sentia de longe o aroma dos vales espinhosos e constelados de brancura, que na primavera eu fruíra na Arabia Deserta, e o cheiro de baunilha que refresca o caminhante no calor sem sombras dos bosques de araucárias. Então, como páginas de um velho livro, emergiam novamente as lembranças de certas horas de indescritível abundância - de pântanos quentes nos quais floresce a vitória-régia e de vegetações marinhas que de longe se vêem arder, ao meio-dia, sobre suas pálidas pernas-de-pau, defronte a costas de palmeiras. Faltava-me, porém, o medo que nos assalta sempre que vislumbramos o crescimento demasiado, o qual, de modo semelhante à imagem divina, com mil braços nos atrai. Eu sentia como, por meio de nossos estudos, novas forças despontavam para resistir aos ardentes poderes anímicos e domá-luz, assim como os cavalos são conduzidos pela rédea.

Sobre o autor


Ernst Jünger (Heidelberg, 29 de março de 1895Riedlingen, 17 de fevereiro de 1998) exaltado na França como grand écrivain e posto lado a lado dos grandes autores europeus do século XX, Ernst Jünger permaneceu um tabu para grande parte dos leitores na Alemanha, seu país natal, sobretudo pela exaltação da guerra que fez durante a ascensão de Hitler e por sua atuação como oficial da Wehrmacht, as forças armadas, até 1944, na Paris ocupada. Sua premiação com o Goethe, o mais importante prêmio literário de seu país, em 1982, também despertou polêmica na intelectualidade alemã. Ainda hoje o autor divide a crítica, que, mesmo celebrando a beleza de sua prosa, não deixa de apontar seus pendores aristocráticos, nem as contradições de uma biografia tão contraditória quanto o próprio século XX.


Luíz Horácio
Jornalista, escritor, autor dos romances Perciliana e o pássaro com alma de cão, ed. Conex e Nenhum pássaro no céu-ed. Fábrica de Leitura. Professor de Literatura, coordenador do curso de pós-graduação latu-sensu Literatura-produção literária, das Faculdades Monteiro Lobato-FATO-Porto Alegre.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Luis Vaz de Camões



Amor é fogo que arde sem se ver



Amor é um fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.


Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?



Verdes são os campos




I


Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

II

Campo, que te estendes

Com verdura bela;

Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

III




Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.


Alma minha gentil, que te partiste


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.


Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.


E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,


Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.



LUIS VAZ DE CAMÕES


Luís Vaz de Camões foi um dos vultos maiores da literatura da Renascença. Nascido em 04 de fevereiro de 1524, em local incerto (Lisboa ou Coimbra), filho de uma família da pequena nobreza, não se pode aceitar que não tenha tido uma educação formal de qualidade, tendo em vista a universalidade do conhecimento de sua obra, particularmente da épica.


Freqüentou a corte e a boêmia lisboeta, onde o gênio forte e aventureiro o marcaram e conseguiram o cognome de "o trinca-ferros" com que passou a ser conhecido. Envolvido em brigas e confusões, acabou embarcado para o serviço militar nas índias.
Em Goa ficou até 1567, quando regressou a Portugal com escala em Moçambique, onde se demorou alguns anos e onde Diogo do Couto, seu grande admirador, o foi encontrar tão pobre que "comia de amigos". Depois desse longo desterro, voltou a Lisboa, por obra e graça do acaso e da ajuda de amigos, em 1569 ou 1570. Dois anos mais tarde publicou Os Lusíadas, que por si só vale por uma literatura inteira. Dom Sebastião, a quem é o poema dedicado, galardou-o por três anos com uma tença anual de 15.000 réis. Mas o poeta morreu na miséria, num leito de hospital.


Sepultura de Camões


À parte Os Lusíadas, quase toda a produção camoniana foi publicada postumamente: numerosos sonetos, canções, odes, elegias, éclogas, cartas e os três autos - Anfitriões (1587), Filodemo (1587), El-rei Seleuco (1645). Edição crítica de sua lírica de Leodegário de Azevedo Filho, em 7 vol. Quatro deles já foram publicados pela Imprensa Nacional de Lisboa.

Fontes:http://www.unificado.com.br/calendario/02/camoes.htm

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

SÃO SEBASTIÃO “Padroeiro de Rio de Janeiro”



Diz a história que, quando Sebastião era ainda pequeno, sua família mudou-se para a cidade de Milão, bem mais próxima de Roma, que era a capital do Império. Ali morreu o seu pai, ficando o menino entregue aos cuidados maternos. A sua mãe era cristã, e isto não era tão comum naquela época, lá pelo ano 284. Os cristãos eram perseguidos como inimigos do Estado pelo fato de não adorarem aos deuses pagãos. Todos os que adotassem essa nova religião seriam aprisionados e lhes eram confiscados os seus bens.
Daí então, a mãe de Sebastião, sendo cristã, transmitiu ao filho o dom da fé cristã. Fé vivia e verdadeira que nos compromete em tudo e sempre. Assim começa a história de um santo, início de uma vida como de qualquer vida.


A PERSEGUIÇÃO



Faz muito tempo que Sebastião viveu; tantos séculos atrás, no alvorecer da era cristã. Por causa de sua vida, em conflito com a dos demais, em Roma, os cristãos começaram a ser perseguidos e Sebastião tomou uma decisão importante: iria para Roma e tentaria ajudar os cristãos de lá, confiando na sua fé e no prestígio que gozava como soldado fiel e corajoso.
Agora é que começa a segunda parte da vida do jovem oficial do império. Estamos no ano 303. Desde o ano 63, quando Nero era imperador romano, os cristãos foram quase, ininterruptamente, perseguidos. De tempos em tempos, um imperador declarava o extermínio sumário dos cristãos. Cada um deles decretava uma perseguição mais feroz do que outra. A perseguição, a que nos referimos, iniciou-se precisamente no dia 23 de fevereiro de 303 e foi ordenada pelo imperador Diocleciano com o seguinte decreto:

[Caio Aurélio Valério Diocleciano (em latim: Gaius Aurelius Valerius Diocletianus, 22 de dezembro de 244 –03 dezembro de311) foi um imperador romano durante cujo longo reinado, o Império Romano saiu da fase desastrosa da história de Roma conhecida como Crise Imperial (235-284). Seu governo de 21 anos caracterizou-se pela capacidade administrativa sustentada num carácter e numa personalidade carismáticas. Foi responsável por estabelecer as bases para a segunda fase do Império Romano, que é conhecida como a Tetrarquia, ou Império Romano Tardio ou o Império Bizantino . As suas reformas permitiram a sobrevivência do Império Romano do Oriente por mais de 1000 anos.]

"Sejam invadidas e demolidas todas as Igrejas! Sejam aprisionados todos os cristãos! Corte-se a cabeça de quem se reunir para celebrar o culto! Sejam torturados os suspeitos de serem cristãos! Queimem-se os livros sagrados em praça pública! Os bens da Igreja sejam confiscados e vendidos em leilão!"

Por três anos e meio correu muito sangue e não houve paz para os inocentes cristãos!
Sebastião, logo que chegou a Roma, foi promovido a oficial. O imperador cativado pela fibra e personalidade deste jovem o nomeou comandante dos pretorianos, seus guardas-pessoais.

Um alto cargo, sem dúvida. Cargo de confiança e de influência. No exercício deste ofício, porém, Sebastião estava exposto aos perigos da corte. Sua vida talvez não corresse perigo, mas sua fé poderia ser abalada e suas convicções transformadas.
A corte era um resumo de todos os vícios e depravações existentes no Império. O próprio imperador Diocleciano, filho de escravos, conseguiu o poder às custas de assassinatos. Era de uma avareza que se tornou proverbial. Os tributos, que explorando o povo, o levaram, em pouco tempo, à extrema miséria.


Termas de Diocleciano

Durante esse tempo de perseguição, Sebastião trabalhava na corte. Ocultava com muito cuidado sua fé cristã, não com medo de morrer, mas para cumprir melhor o seu papel: encorajar seus irmãos na fé e na perseverança, especialmente os mais tímidos e vacilantes, merecendo, com isso, o título de "auxílio dos cristãos".

Assim sendo, muitos cristãos aprisionados e temerosos de sua morte, após ouvirem Sebastião, sentiam-se revigorados e destemidos, prontos a enfrentar a tortura e a morte por amor a Cristo. Não mais os amedrontava o cárcere e a crueldade nos suplícios.


Entretanto, havia uma razão para explicar a força que sustentava os cristãos em suas provações e essa força era o amor, seguido do desprendimento, a fé e a esperança em Cristo ressuscitado. Sebastião sabia perfeitamente de tudo isso e por esse motivo passava de cárcere em cárcere, visitando e animando os irmãos a se manterem firmes na fé, mostrando que na vida, os sofrimentos são passageiros e que o prêmio reservado aos perseverantes na fé é eterno.


Conta-se que enquanto Sebastião falava, Zoe, que era muda, começou a falar. Diante desse fato, ficaram maravilhados, o carcereiro e todos os presentes e logo se dispuseram a aceitar a fé cristã, professada por Sebastião. Os cristãos estavam presos, mas não a Palavra de Deus. A Palavra do Senhor, de fato, não está acorrentada. Ela é Caminho, Verdade e Vida para todos nós!

O caminho do cárcere era escuro, mas o cristão o alumiava com a sua fé; o lugar era frio, mas ele o aquecia com suas preces fervorosas e cantos inspirados. Apesar das correntes, estava, pelo poder de Deus, livre para Ele. Na pressão esperava a sentença de um juiz, contudo sabia que estava com Deus e Ele julgaria os mesmos juízes.

Mas enquanto alguns resolvem iniciar seu processo de conversão, outros continuam tramando o mal. De fato, a perseguição sistemática do imperador Diocleciano torna-se cada vez mais violenta, exigindo dos cristãos, muita coragem e heroísmo.

Aqui acontece um fato que vem amenizar a vida dos perseguidos. O Prefeito da cidade de Roma, Cromáceo, convertido ao cristianismo, demitiu-se do cargo e começou a reunir, ocultamente, em sua casa, os recém-convertidos e, desta forma, estes não eram molestados. Ele sabia que muitos não resistiriam ao martírio, caso fossem presos. Então sugeriu que todos aqueles fossem para longe de Roma. Ali estariam protegidos da feroz perseguição. Seguiam, assim, o que Jesus havia sugerido no Evangelho:
"Se vos perseguirem numa cidade, fugí para outra!"

À medida que aumentava a perseguição, os companheiros que Sebastião tinha instruído e convertido à fé cristã, iam sendo descobertos, presos e mortos. A primeira foi Zoe, esposa do carcereiro. Foi surpreendida e presa quando rezava no túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo. Recusando prestar culto aos deuses romanos, foi queimada e suas cinzas foram jogadas no rio Tibre, em Roma.

O sacerdote Tranquilino, por sua vez, foi apedrejado e seu corpo exposto ao ludíbrio popular. Ao resgatar os corpos dos mártires, vários amigos de Sebastião foram descobertos e presos. Entre eles se achavam: Cláudio, Nicostrato, Castor, Vitoriano e Sinforiano. Durante dias, os inimigos da fé cristã pelejaram com eles para que renegassem a fé, mas nada conseguiram. Por fim, o imperador ordenou que fossem atirados ao mar.



Sebastião já não podia continuar ocultando sua fé, por ter se tornado luz que ilumina a todos. E um dia alguém o denunciou ao prefeito, por ser cristão. O imperador também foi cientificado e recebeu todas as informações. Deixar Sebastião em liberdade representava um grave "perigo" para a cidade inteira. Então, mandou que o chamassem para ouvir dele próprio a confirmação.

O imperador ordenou que amarrassem o soldado cristão a uma árvore, num bosque dedicado ao deus Apolo. Que o crivassem de flechas, mas não atingissem seus órgãos vitais, para que morresse lentamente. Assim foi feito! Com a perda de sangue e a quantidade de feridas, Sebastião desmaiou, já era tarde! Julgando-o morto, os flecheiros retiraram-se.

À noite, a esposa do mártir Castulo, Irene, foi com algumas amigas ao lugar da execução, para tirar do local seu corpo e dar-lhe sepultura. Assustadas, comprovaram que Sebastião ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua casa, cuidando de suas feridas.


Chegou o dia 20 de janeiro. Era o dia consagrado à divindade do imperador. Este saiu em grande cortejo de seu palácio e dirigiu-se ao templo do deus Hércules, onde seriam oferecidos os sacrifícios de costume. Estando coroado pelos sacerdotes pagãos e pelos homens mais nobres do império, foi concedida uma audiência pública. Quem desejasse pedir alguma graça ou apresentar alguma queixa, poderia faze-lo nesta ocasião, diante do soberano.

Sebastião, com toda a dignidade que sempre o distinguiu e cheio do Espírito Santo, apresentou-se diante do imperador e, destemidamente, reprovou-lhe o comportamento em relação à Igreja. Reprovou-lhe as injustiças, a falta de liberdade e a perseguição aos cristãos. O imperador ficou estarrecido ao reconhecer naquela pálida figura, a pessoa de seu antigo oficial que o julgava morto. Tomado de ódio, ordenou aos guardas que o executassem ali, em sua presença e na presença de todos. Ele mesmo queria ter a certeza de sua morte.


Imediatamente, os guardas investiram contra ele, e o moeram de pancadas com cassetetes e com os cabos de ferro de suas lanças, até que Sebastião não deu mais sinal de vida. O imperador ordenou, então, que o cadáver do oficial traidor fosse jogado no esgoto da cidade e, assim, seria apagado, para sempre, a sua memória.





A peste

Entre os antigos, as flechas, eram símbolos da peste pelas feridas cancerosas que provocavam. Assim sendo, a piedade cristã, sabendo que em seu primeiro martírio Sebastião havia sido sufocado por uma saraivada de flechas, escolheu-o para ser protetor contra o flagelo da peste, epidemia arrasadora, especialmente nos tempos passados, mas que ainda hoje é bastante temível.

Naquela ocasião, uma terrível peste assolava Roma, vitimando muitas pessoas. Entretanto, tal epidemia simplesmente desapareceu a partir do momento da transladação dos restos mortais desse mártir, que passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, fome e guerra. As cidades de Milão, em 1575 e Lisboa, em 1599, acometidas por pestes epidêmicas, se viram livres desses males, após atos públicos suplicando a intercessão deste grande santo. Desde
então, São Sebastião passou a ser invocado contra a peste e suas irmãs a fome e a guerra.

São Sebastião é também muito venerado em todo o Brasil, onde muitas cidades o tem como padroeiro, entre elas, o Rio de Janeiro, que dia 20 de janeiro se enfeita para homenagear esse santo tão popular.



Procissão na Tijuca (RJ)



Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro


Oração a São Sebastião

Deus onipotente, que conheceis a nossa enfermidade, fraqueza, agonia ,ânsia e tribulações desta vida, fazei que a todos nos valha a intercessão de São Sebastião seu glorioso mártir e protetor dos cristãos.
São Sebastião, meu intercessor ,vós que sofrestes os ferimentos e recebestes no corpo as flechas da indiferença e da vingança ,sofrendo vil e infamante processo, pela gloria de Nosso Senhor Jesus Cristo, dignai-vos a interceder para que possa obter do Altíssimo a graça de (citar aqui a graça desejada), e ainda a graça da salvação da minha alma para vossa maior gloria.
Honra e gloria vos renderei em todos os dias de minha vida Amém.

Oração a São Sebastião II

(Contra peste e contágio de doenças)

Onipotente e eterno Deus, que pelos merecimentos de São Sebastião ,vosso glorioso mártir, livrastes os vossos fieis de doenças contagiosas, atendei as minhas súplicas para que, recorrendo agora da nossa necessidade a vós , afim de alcançar semelhante favor ,mereçamos , por sua valiosa intercessão , sermos livres do flagelo da peste e de toda moléstia do corpo e da alma.
Por Jesus Cristo, Senhor Nosso, Amem.

Fontes.: http://saosebastiao.natal.itgo.com/biografia_de_sao_sebastiao.html
http://www.cademeusanto.com.br/oracao_sao_sebastiao.htm