quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

OSCAR WILDE - Brilhante, polêmico e arrogante


16/10/1854 , Dublin, Irlanda - 30/11/1900, Paris, França


Escritor dotado de grande talento, usa como tema central de seus livros, o ambiente social em que vivia. Fala do efêmero, dos prazeres mundanos, da aristocracia decadente, do belo, do fútil, dos gastos desmedidos com festas e saraus, e da volúpia. Era um *dândi (*Janota, almofadinha), usava longos cabelos, roupas espalhafatosas com paletós ornados de flores.Oriundo de família de classe média alta, desde cedo teve acesso à cultura e a companhia de artistas e intelectuais. Ao chegar em Londres, conhece Constance Mary Holland, de família tradicional irlandesa, moderna, culta, poliglota, que além desses atributos, também era rica o que o levou a casar-se em 1884, por interesse . Tiveram dois filhos, Cyrill (1885) e Vyvyan (1886), nesse ano, resolve assumir abertamente sua relação homossexual com Robert Ross, seu hóspede. Esse seu comportamento libertino em plena era Vitoriana, custou-lhe muito caro.
Com os constantes escândalos sobre sua vida de luxúria, homossexualidade e libidinagem, perde a tutela dos filhos e tem seus bens penhorados para pagamento das custas processuais. Vê tudo ruir à sua volta, sua credibilidade, sua imagem de escritor, esposo e pai. Seu declínio profissional e moral, culminaram com o abandono e a solidão que o acompanharam até sua morte aos 46 anos, num hotel barato de Paris, contaminado pela sífilis, o alcoolismo e a meningite, resultado da vida orgiástica que vivia.
Foi enterrado em uma sepultura simples paga por seu ex-amante Lord Alfred Douglas, e em 1909 seus restos foram transferidos para o cemitério de Père Lachaise.




Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde, um dos maiores escritores de língua inglesa do século 19, tornou-se célebre pela sua obra e pela sua personalidade. Sofisticado, inteligente, adepto do esteticismo (da "arte pela arte"), escreveu contos ("O Crime de Lord Arthur Saville"), teatro ("O Leque de Lady Windermere"), ensaios ("A alma do homem sob o socialismo"), e romances ("O Retrato de Dorian Gray").Oscar Wilde era filho de um médico, Sir William Wilde e de uma escritora, Jane Francesca Elgee, defensora do movimento da Independência Irlandesa. Desde criança Oscar Wilde esteve sempre rodeado por grandes intelectuais. Criado no protestantismo, destacou-se nos estudos das obras clássicas gregas e no conhecimento dos idiomas.Em 1882, foi convidado para ir aos Estados Unidos para falar sobre o seu recém criado Movimento Estético, com as idéias de renovação moral. Defendia o "belo" como única solução contra tudo o que considerava denegrir a sociedade.



Esse movimento visava transformar o tradicionalismo na época Vitoriana, dando um tom de vanguarda às artes.No ano seguinte foi para Paris, e, n contato com o mundo literário francês, seu movimento acabou por enfraquecer-se. Em seguida, retornou para a Inglaterra, onde se casou com Constance Lloyd e foi morar em Chelsea, um bairro de artistas. O casal teve dois filhos, mas mesmo após o casamento, Oscar continuou freqüentando todas as rodas literárias, espalhando glamour e comentários nos eventos sociais em que comparecia, sempre elegante e extravagante.Em 1880 lançou "Vera", um texto teatral bem sucedido. Chegou a ter três peças em cartaz simultaneamente nos teatros ingleses.Em seguida publicou uma coletânea de poemas. Em 1887 e 1888, seu período mais produtivo, lançou vários contos e novelas, como "O Príncipe Feliz", "O Fantasma de Canterville" e outras histórias.Em 1891, lançou sua obra prima, "O Retrato de Dorian Gray", que retrata a decadência moral humana. No entanto, no seu apogeu literário, começaram a surgir os problemas pessoais. O que antes eram boatos quanto a uma suposta vida irregular, passaram a se concretizar, dando início á decadência pessoal do escritor.

Apareceram rumores sobre seu homossexualismo, (severamente condenado por lei na Inglaterra), que não puderam mais serem negados. Oscar se envolveu com Lord Alfred Douglas (ou Bosie), filho do Marquês de Queensberry, que sabendo do relacionamento, enviou uma carta a Oscar Wilde, no Albermale Club, onde o ofendia e recriminava já no sobrescrito: "A Oscar Wilde, conhecido Sodomita".O escritor decidiu processar o Marquês por difamação. Depois tentou desistir do processo, mas era tarde demais e as provas da sua vida sexual desregrada começam a aparecer. Um novo processo contra ele foi instaurado. Sua fama começou a desmoronar. Suas obras e livros foram recolhidos e suas comédias retiradas de cartaz. O que lhe restava foi leiloado para as despesas do processo judicial. Acabou passando dois anos na prisão, que lhe renderam obras comoventes como "A Balada do Cárcere de Reading" (1898) e "De Profundis", uma longa carta ao Lord Douglas. Ao sair da prisão, retirou-se para Paris, onde adotou o pseudônimo de Sebastian Melmouth e onde passou o resto dos seus dias, em hotéis baratos, embriagando-se com absinto.Após seu envolvimento com Bosie e sua prisão, suas obras são recolhidas das livrarias e suas peças retiradas de cartaz. Os bens que lhe restam são leiloados para cobrir despesas do processo judicial. Neste momento, finda seu período literário mais produtivo, que ocorreu entre 1887 e 1895.



Entre os anos de 1887 e 1888, várias obras foram publicadas, entretanto, neste momento, apesar de trazem uma certa carga de amargura pessoal, suas obras foram consideradas excessivamente fantasiosas, sendo até mesmo comparadas com "contos de fadas". Até 1889, atua como editor no "The woman's world".
No entanto, ao mesmo tempo em que conquistou respeito e notoriedade literária, além de uma situação financeira confortável, também surgiram sérios problemas pessoais. Até aquele momento, Oscar era apenas uma personalidade audaciosa da sociedade aristocrática britânica. Havia diversos rumores sobre sua conduta pessoal, inclusive sobre uma suposta homossexualidade, envolvendo-se com garotos de programa, que era considerada crime e severamente punida pelos tribunais.

Cyril Holland, filho de Oscar Wilde, e sua mãe Constance Holland


Oscar era o preso C-33 no presídio de Reading. Na madrugada de 3 de fevereiro de 1896, no período que estava cumprindo a sentença, alegou ter tido uma visão de sua mãe. "Eu a convidei para sentar, mas ela só balançou a cabeça", disse o escritor. Na manhã seguinte, recebe a notícia do falecimento de sua mãe.
Após ser libertado em 19 de maio de 1897, vai para a França e adota o pseudônimo Sebastian Melmouth. Este nome foi utilizado para abrir o registro no Hotel d’Alsace, local onde passou a maior parte de seus últimos dias. Ainda, mantém um contato distante com Lord Alfred Douglas. Porém, a mãe do Lord ameaça interromper sua mesada caso não afastasse-se do autor. Lord Alfred aceita sob a condição de que sua mãe continue enviando dinheiro a Oscar.
Após esse período conturbando, envolvendo as acusações, processos jurídicos, condenação e declínio moral e financeiro, Oscar conhece a face mais rude da pobreza. Passa a maior parte do tempo em quartos de hotéis baratos destruindo-se através do absinto. Envergonhados pelo destino do pai, os filhos de Oscar, os quais nunca mais os veria, chegam a trocar de nome. Sua esposa morre em 1899.



Sepultura de Wilde no cemitério Père Lachaise

Na manhã do dia 30 de novembro de 1900, às 9h50, em um quarto chulo de um hotel parisiense, falece vítima de um ataque de meningite (agravado pelo álcool e pela sífilis) e de uma infecção no ouvido conhecida por cholesteotoma. Inicialmente, seu corpo foi sepultado num pequeno cemitério de Bagneux. Em seu enterro, compareceram apenas o amigo pessoal Robert Boss, que chegou a fazer divulgação dos manuscritos do autor, e Lord Alfred Douglas, que arcou com as despesas do funeral. Posteriormente, o corpo de Oscar Wilde foi transferido para o cemitério Père Lachaise, onde repousa até hoje.

Após a morte de Oscar, Lord Alfred Douglas aparentou muito sofrimento, mas converteu-se ao catolicismo e casou-se. Este matrimônio, apesar de render um filho, não durou muito tempo e, devido à vida pregressa com Oscar, Alfred não pôde manter a guarda dos filhos. Em seu livro de memórias, Without Apology (Sem desculpas), escrito em 1938, fica evidente que Lord não esqueceu do escritor. Em 1945, falece Lord Alfred Douglas. Neste mesmo ano, O Retrato de Doryan Gray, ganha uma versão cinematográfica nos Estados Unidos, sob a direção de Albert Lewin. Amado por uns e repudiado por outros, a figura e a obra de Oscar Wilde são realmente dignas de admiração. Durante sua vida, rumores criados em torno da suposta vida irregular, atribuiu à sua imagem um encantamento e atração ainda maiores. Até mesmo a data de seu nascimento é alvo de controvérsia. Há historiadores que afirmam que o dia do nascimento seria realmente em 15 de outubro de 1855 ou 1856. De qualquer forma, a data do nascimento de Oscar Wilde é irrelevante perante sua obra.
Pode-se supor que a má fama prejudicou sua carreira literária. Mas seus admiradores afirmam o contrário: Oscar Wilde trazia a perfeita combinação de petulância e doçura. Em seus 46 anos de vida, o escritor rompeu as fronteiras do óbvio e tornou-se uma das maiores referências da literatura e do intelectualismo do século XIX. Autor de célebres aforismos e dono de pensamentos além de seu tempo, Oscar chegou a ter três peças em cartaz simultaneamente nos teatros ingleses; fato raro até os dias de hoje.
Além da inteligência, seu destaque também era obtido devido à personalidade forte, altiva, por vezes arrogante e anticonvencional; considerando-se, principalmente, o rigor da conduta moral da sociedade do século XIX.

Mesmo condenado, Wilde não abaixaria sua cabeça e declararia á todos que quisessem ouvir, o que se passava dentro de si:
"O amor que não ousa dizer o nome' nesse século é a grande afeição de um homem mais velho por um homem mais jovem como aquela que houve entre Davi e Jonatas, é aquele amor que Platão tornou a base de sua filosofia, é o amor que você pode achar nos sonetos de Michelangelo e Shakespeare. É aquela afeição profunda, espiritual que é tão pura quanto perfeita. Ele dita e preenche grandes obras de arte como as de Shakespeare e Michelangelo, e aquelas minhas duas cartas, tal como são. Esse amor é mal entendido nesse século, tão mal entendido que pode ser descrito como o `Amor que não ousa dizer o nome' e por causa disso estou onde estou agora. Ele é bonito, é bom, é a mais nobre forma de afeição. Não há nada que não seja natural nele. Ele é intelectual e repetidamente existe entre um homem mais velho e um homem mais novo, quando o mais velho tem o intelecto e o mais jovem tem toda a alegria, a esperança e o brilho da vida à sua frente. Que as coisas deveriam ser assim o mundo não entende. O mundo zomba desse amor e às vezes expõe alguém ao ridículo por causa dele."

Essas foram as palavras do literato em seu primeiro julgamento, em 26 de abril de 1895.

"O egoísmo não consiste em vivermos conforme os nossos desejos, mas sim em exigirmos que os outros vivam da forma que nós gostaríamos. O altruísmo consiste em deixarmos todo o mundo viver do jeito que bem quiser."

"A felicidade de um homem casado depende das mulheres com as quais não se casou."

"O maior castigo que o destino aplica ao homem casado é ver que sua mulher sempre acaba por se parecer com sua sogra."

"Para entendermos os outros, precisamos fortalecer a nossa própria personalidade."

"A única coisa de que podemos ter certeza acerca da natureza humana é que ela muda."

Resumo de O Retrato de Dorian Gray

Dorian Gray era um jovem de 20 anos pertencente à alta burguesia inglesa, de uma beleza física inimaginável, e foi retratado pelo pintor Basil Hallward, que se apaixonou pelo rapaz. Lorde Wotton era um homem extremamente inteligente, perspicaz, irônico e com grande vivência nos relacionamentos humanos, capaz de exercer forte influência sobre as demais pessoas. Este era amigo de Basil e tornou-se muito próximo de Dorian, passando a instigá-lo e a estudá-lo em suas reações e atitudes. Quando Dorian Gray deparou-se com a obra pronta (seu retrato) disse: "Que tristeza!" murmurou Dorian. "Que tristeza!" repetiu, com os olhos cravados na sua efígie. "Eu irei ficando velho, feio horrível. Mas este retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que neste dia de junho... se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o quadro envelhecesse!... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há no mundo o que eu não estivesse pronto a dar a troca. Daria até a alma!". A partir daí, temos o desenrolar da história. Dorian apaixona-se por uma jovem artista, Sibyl Vane, que se apresentava num pequeno teatro. Então lhe fala em casamento. A moça, muito humilde, fica lisonjeada. Sua mãe e irmão, que estaria ingressando na Marinha, ficam preocupados. Dorian convida seus dois amigos, Basil e Lorde Wotton, para assistir a uma das apresentações da moça. Nessa noite, a moça representa muito mal. Dorian fica consternado. Seus amigos vão embora dando-lhe palavras de estímulo, enaltecendo a beleza da moça. Dorian vai até o camarim. Sibyl está feliz, e diz-lhe que, de agora em diante só viverá para o amor de Dorian. Toda a energia vital de Sibyl estava dirigida ao representar; assim que se apaixonou, sua energia foi dirigida para o objeto amado e apresentou-se como uma artista medíocre. Isto levou Dorian a desapaixonar-se. Então, ele a humilhou e desprezou. Virou lhe as costas para nunca mais voltar. Ao chegar a casa, Dorian, dirigiu-se a seu quarto e, ao olhar seu retrato, quase ensandeceu, ao perceber que o quadro havia se alterado. Seu sorriso não era mais o mesmo. Caracteriza-se pelo cinismo e maldade. Refletiu e percebeu que o quadro refletia sua alma. Portanto, deveria desculpar-se com Sibyl, assim o quadro voltaria ao normal. Entretanto, era tarde demais, Sibyl havia cometido suicídio. A partir de então, Dorian passou a viver tudo que lhe era ou não permitido. Passou a ter uma conduta fria e interesseira com todos à sua volta. Induziu pessoas a atos vulgares e criminosos, sempre impune. Assassinou seu amigo Basil, à facadas, quando este descobre o que está acontecendo. Leva outro amigo, um químico, ao suicídio após induzi-lo a desfazer-se do cadáver de Basil. Apenas o quadro se alterava, transformando-se numa figura monstruosa sendo que das mãos da imagem gotejava sangue. Dorian já contava com 40 anos, quando pensou em curar sua alma. Pensou em levar uma vida pura, sem magoar quem quer que fosse. E por isso não se aproveitou de uma camponesa. Ele se dá conta de que sua soberba o levou a esta vida de pecados. Amaldiçoou sua beleza e mocidade e pensou que sem elas sua vida seria pura. O que mais lhe doía era a morte, em vida, da sua alma. Dorian havia escondido o quadro num quarto desocupado, que fora de seu avô. Sobe até o quarto, olha o quadro e grita de terror. Apesar de suas boas ações, o quadro não se alterara para melhor como supunha, continuava a gotejar sangue ainda mais vivo e estava mais horrendo. Então Dorian percebe claramente a verdade: por vaidade, ele poupara a camponesa e a hipocrisia pusera-lhe no rosto a máscara da bondade. A única prova de seu mau caráter, de sua consciência, era o quadro. Então, resolveu destruí-lo. E, com a mesma faca com que matou Basil, trespassou o retrato. Ouviu-se um grito. Os criados acudiram. E, quando conseguiram adentrar ao quarto, viram na parede o magnífico retrato, e, no chão, jazia o corpo de Dorian, com a faca cravada no peito, que só pôde ser reconhecido pelos anéis em seus dedos.

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u528.jhtm
http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/wilde.htm
http://www.paralerepensar.com.br/o_wilde.htm http://luceliaaziza.blogspot.com/2008_11_01_archive.html